segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vaga de sobra, gente de menos - Engenharia de Petróleo

http://www.via6.com/topico/38635/vaga-de-sobra-gente-de-menos-engenharia-de-petroleo

Vaga de sobra, gente de menos

Pela falta de gente qualificada, recém-formados garantem emprego fácil na indústria de óleo e gás, e bons profissionais são disputados a peso de ouro

Renato Cordeiro

A maior parte dos jovens, quando completa a universidade, costuma vivenciar uma fase de angústias e incertezas quanto ao futuro profissional. Os alunos formados em dezembro passado na primeira turma de graduação em Engenharia de Petróleo da Universidade de Vila Velha (UVV), no Espírito Santo, contudo, não conheceram este sentimento. Dos nove estudantes que concluíram o curso, sete asseguraram bons empregos antes da colação de grau, saltando das salas de aula diretamente para empresas como Petrobras, Baker Hughes e Halliburton. Os outros dois devem trilhar o mesmo caminho: ambos foram chamados para entrevistas na Halliburton e na Weatherford às vésperas da festa de formatura.
Não se deve pensar, porém, que os novos engenheiros capixabas, quase todos com menos de 25 anos, tiveram mais sorte que a maioria dos profissionais recém-formados de outros cursos voltados para a indústria do petróleo no Brasil. Por causa do forte aquecimento do setor nos últimos dois anos, estudantes da área estão tendo alto índice de colocação em postos de trabalho, e profissionais experientes são assediados diariamente, a peso de ouro, em um mercado com salários inflacionados e com demanda crescente. Quem investiu na carreira do petróleo não tem motivos para se arrepender.
"Alguns profissionais de alto nível técnico estão sendo leiloados pelas empresas no país", afirma Robson Castro, diretor-executivo da Agnis Recursos Humanos, especializada em recrutamento e seleção de pessoal. "O mercado de óleo e gás no Brasil está prostituído. É difícil encontrar profissionais que estejam comprometidos com a empresa. Muitos estão comprometidos com o dinheiro e sabem a exata idéia do valor que têm", acrescenta o consultor André Bocater Szeneszi, da Case Consulting, também atuante do ramo.

Bons salários

Segundo as consultorias de Recursos Humanos, a indústria do petróleo está pagando hoje, em média, salários 30% acima dos praticados em outros segmentos industriais. Essa diferença pode ser ainda maior se o profissional tiver um nível de conhecimento técnico escasso no Brasil. Um engenheiro pleno (com três anos de experiência) está recebendo uma média de R$ 4 mil em setores como mineração e siderurgia. Já um engenheiro com o mesmo tempo de experiência e que trabalhe em uma plataforma
offshore pode ter rendimentos de mais de R$ 12 mil mensais.
Um levantamento realizado pela consultoria Watson Wyatt, dos EUA, dá uma dimensão da evolução dos salários do setor no país. A pesquisa apurou os rendimentos pagos por 16 empresas prestadoras de serviço do setor petróleo no Brasil em relação à média geral da indústria brasileira entre maio de 2005 e abril de 2006. Nesse período, os salários dos gerentes sêniores da indústria do petróleo subiram 9%, comparados aos 7,1% de aumento dos demais setores. Os salários dos gerentes intermediários de óleo e gás subiram 8,8%, contra 6,4% de crescimento de outras indústrias. E os salários dos profissionais em geral subiram 8,7% e 5,6%, respectivamente.
Para o consultor Gilberto Cupola, responsável pelo estudo, o mercado de profissionais do setor petróleo vive uma "bolha" semelhante à que atingiu o boom da internet e a fase pós-privatização das empresas de telecomunicação no país. "Ainda não sabemos quando haverá o estouro desta bolha, mas projetamos um 2007 ainda mais aquecido".