sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Comece o estágio com o pé direito

http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2004/01/27/524033/omece-estagio-com-pe-direito.html

Especialistas em recrutamento de universitários dão dicas de como se portar no trabalho

O ano começa com uma certa angústia para uma grande parte dos estudantes universitários, que também iniciam nestes meses de janeiro e fevereiro seu estágio em uma empresa. Alguns cursos superiores têm o estágio como exigência curricular - como por exemplo Farmácia, Administração de Empresas e Engenharia -, mas mesmo os alunos que não são obrigados a fazê-lo para tirar o seu diploma vêem na experiência uma valiosa porta de entrada para o mercado de trabalho.
Aí é que bate a insegurança: como o estagiário deve se portar no novo emprego para absorver o máximo de conhecimentos que a experiência pode lhe render e, além disso, garantir sua efetivação naquela empresa depois de concluída a graduação? Para ajudar os estudantes nessa situação, o Universia ouviu especialistas em programas de estágio e trainee para saber o que as companhias esperam dos funcionários que estão dando os primeiros passos da carreira.

? bom que o universitário esteja consciente desde o início das características que as empresas mais valorizam: espírito de equipe, dinamismo, iniciativa, boa comunicação e eficácia.
O que significa tudo isso? "As empresas esperam dedicação", afirma Telma Helena Moreira, gerente da central de estágio do grupo Gelre.ÿ
Ter iniciativa é muito importante para os estagiários porque eles geralmente não possuem muita experiência profissional. No trabalho, eles têm que procurar resolver os problemas sem ficar dependendo muito dos colegas ou dos superiores", acrescenta Carla Fabiana dos Santos, consultora do grupo de recrutamento e seleção Catho. "Dinamismo quer dizer vontade de fazer e eficácia, atingir os resultados que a empresa espera." Mas Carla tranqüiliza os estudantes que ficam receosos justamente pelo fato de pouco terem atuado profissionalmente antes. "A empresa que contrata entende que vai ter que formar esses profissionais", diz. "Ela espera que o estagiário tenha vontade de aprender e interesse."

"As empresas buscam pessoas empenhadas, envolvidas, que sejam determinadas e saibam se relacionar com os outros", resume Ricardo Dreves, diretor da Dreves e Associados, empresa que também seleciona estudantes universitários para programas de estágio e trainee de grandes empresas. "Também há preocupação em encontrar pessoas que sejam capazes de suportar uma boa carga de trabalho e a pressão tanto da rotina quanto de projetos novos."

Dreves destaca que, além do aspecto comportamental, o de preparo técnico é igualmente importante. "Obviamente a expectativa é de que sejam bons alunos e que tenham o conhecimento esperado para aquele período escolar que estão cursando", afirma.

E não é porque o universitário conseguiu um bom estágio que ele pode relaxar nos estudos. Ao contrário, deve se preocupar em continuar se aprimorando na área em que ele se envolver, na empresa em que estiver trabalhando e naquelas pelas quais se interessa. "E o universitário também deve continuar estudando idiomas", lembra Dreves. Isso é fundamental porque, após o estágio, o estudante vai querer participar de um programa de trainee - e sem saber inglês fluentemente ele não tem chance de ser aprovado no processo seletivo.
Para os estagiários e trainees que estão começando a trabalhar agora, Carla dá dois conselhos. O primeiro é para que eles tenham humildade para reconhecer que, apesar de todo o seu conhecimento teórico, ainda há muito o que aprender. "Os estudantes têm uma bagagem teórica grande mas não possuem habilidade prática para aplicar aquilo", diz. Pode acontecer, por exemplo, de o estagiário ou trainee ter um superior que está na empresa há muitos anos e estar desatualizado com relação a algumas práticas. "O importante é trocar. O estagiário ou recém-formado pode levar os seus conhecimentos para a empresa", comenta a consultora.

Telma Moreira frisa que os estagiários não devem, entretanto, ter receio de expor suas opiniões. "Se ele tiver um ponto de vista diferenciado, pode dar sugestões e tem total abertura para isso", diz. "Aí há uma troca de informações de verdade, pois o estudante fala o que pensa, a companhia coloca o lado empresarial, e então se chega um consenso."

Outra dica de Carla é os estudantes estarem sempre curiosos a respeito da empresa em que trabalham e das suas tarefas. "? importante querer saber sempre mais, não se limitar ao que estão te passando. Pergunte, procure entender como funciona o negócio da companhia", destaca. Saber a importância para a empresa da área em que se está trabalhando também é fundamental.
A observação de outras frentes de trabalho na companhia pode até fazer o universitário encontrar novos horizontes na carreira, na opinião de Telma. "Ele resolve um problema da empresa, de identificar um perfil nessa área, e descobre um novo talento", salienta.ÿ
Estágio errado

Embora a maior parte dos estudantes universitários esteja satisfeita com seu estágio, parcela significante deles se encontra infeliz. Segundo pesquisa realizada pela consultoria Catho em janeiro de 2003, 13,44% dos estagiários acha que a experiência era "regular". Cerca de 7% dos estudantes classificavam-na como "ruim" ou "péssima".

Como os estagiários começam a trabalhar na fase em que justamente estão começando a formar sua personalidade profissional, um pouco da frustração pode vir do fato de a empresa não estar fornecendo a ele subsídios para que se desenvolva adequadamente. Se o estudante tem um mentor que lhe dá independência e estimula a autonomia do funcionário, acaba aprendendo características positivas.

O consultor Dreves lembra que a fase do estágio é destinada justamente à experimentação, portanto o estudante deve se concentrar em tentar perceber as habilidades que possui e as áreas em que gosta de trabalhar. Antes de se candidatar a um estágio, porém, o universitário tem que delinear o tipo de programa do qual ele gostaria de participar e se preparar para isso, o que diminui bastante também a chance de descontentamento.

Se o estágio não está correspondendo às expectativas, não se desespere. "Até pela sua falta de experiência, o universitário acha que deve começar fazendo uma porção de coisas diferentes, mas a empresa às vezes prefere ir passando as tarefas aos poucos para evitar sobrecarregar o profissional", alerta Carla Santos.

A primeira providência a tomar é avaliar se as próprias expectativas não são exageradas. "Muitas vezes, o estudante não compreende que ele deve começar devagar e aos poucos vai adquirindo maiores responsabilidades. A empresa vai confiando mais atividades ao estagiário à medida em que ele vai conseguindo demonstrar resultados no que já está fazendo", ressalta Carla.

Conversar com o chefe imediato também é essencial, demonstrando interesse em realizar novas atividades e pedir a ele outras oportunidades. "Tenha uma conversa franca com o seu gestor", sugere Telma Moreira, da consultoria Gelre. "Coloque as informações às claras para ver o que pode ser adequado."
"Se isso não der certo, envolva o pessoal da área de Recursos Humanos nesse assunto. Caso ainda assim não funcione, parta para outra oportunidade", aconselha Dreves.ÿ
"Agradeça a oportunidade e saia deixando uma boa imagem na empresa", complementa Telma. "Este é o momento de conhecer e identificar de quê se gosta", diz ela. "O estágio é o período para testar habilidades e se conhecer melhor."ÿÿÿ
Confira abaixo algumas dicas de como se relacionar com as pessoas que você vai conhecer no seu estágio.