segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Networking: o segredo dos relacionamentos

http://www.rh.com.br/Portal/Carreira/Entrevista/4310/networking-o-segredo-dos-relacionamentos.html

Patricia Bispo

Se antes a preocupação em estreitar relacionamentos era restrita ao campo pessoal, com a presença do mundo globalizado, hoje os profissionais deparam-se com uma nova realidade: é preciso manter uma ótima rede de relacionamentos para ser competitivo no mercado de trabalho. Mas, para assegurar uma boa networking é preciso que a pessoa esteja disposta a investir. E dentro desse investimento, surgem dois fatores importantes - o marketing pessoal e o tempo. Os dois têm seus pesos e suas medidas de dedicação e cabe a cada indivíduo saber administrá-los. E já que esse tema tornou-se tão presente no dia-a-dia do mundo corporativo, o RH.com.br entrevistou a consultora Carla Coelho. Formada em gestão de RH e especialista em networking ela explica porque manter bons relacionamentos é tão importante para o profissional da atualidade. Se você já investe ou pretende criar uma boa networking, certamente vai gostar dessa entrevista. Confira!
RH.COM.BR - Por que manter uma boa rede de relacionamentos tornou-se tão importante nos últimos anos?
Carla Coelho - Na verdade manter uma boa rede de relacionamentos sempre foi muito importante, o que difere hoje é a dinâmica. Com um mercado altamente competitivo, precisamos destacar nossas competências e por meio das redes de relacionamentos é que nos mostramos ao mercado aquilo que conhecemos onde e como podemos atuar. Formar uma rede permite que as informações sejam trocadas de forma mais ampla, mostra onde estão as melhores oportunidades e onde se deve atuar socialmente. Precisamos estar atrelados aos nossos pares, aos pares de nossos pares e assim sucessivamente. Com isso, difundiremos idéias, multiplicaremos projetos ligados a várias vertentes como a educação, a cultura, as oportunidades no mercado de trabalho, mas acima de tudo provocaremos ações concretas. Por este motivo posso afirmar que as relações interpessoais, que se traduzem em networking, se tornaram um desses diferenciais para os aspectos profissionais.
RH - A networking garante o sucesso do profissional?
Carla Coelho - Não, e eu questionaria qualquer receita mágica de sucesso. O networking é apenas mais uma ferramenta, que só será eficaz se vincularmos seu conceito de cultivar e promover boas relações, baseado em conduta ética e valor de troca, às competências, às habilidades e às atitudes de um profissional.
RH - Como se deve iniciar uma rede de relacionamentos?
Carla Coelho - Entendo que o início deve acontecer dentro de nós. É preciso que se conheça, que se saiba onde se quer chegar e quais os objetivos e metas a serem alcançados. A partir disso precisamos tornar públicos esses objetivos e, acima de tudo, nossas competências, que estarão evidenciadas através das ações que praticarmos, e isso tem a ver com atitude. Precisamos nos preparar para esta exposição e nos tornarmos solícitos antes de qualquer coisa. Temos que pensar em grupo, no que podemos oferecer ao outro, porque a confiabilidade é imprescindível para que as redes sejam fortes e sustentáveis. Somente desta forma aproximaremos as pessoas que compactuarão dos mesmos interesses que os nossos. Somente desta forma teremos os nossos parceiros de objetivos.
RH - Dado o passo inicial, qual a melhor forma de manter a networking "atualizada"?
Carla Coelho - Há duas formas primordiais e que interagem entre si: a visibilidade e a interatividade. Visibilidade porque é preciso mostrar-se, aparecer, e interatividade porque é necessária a realização da troca. Para manter atualizada a sua rede é preciso que você procure conhecer as pessoas que fazem parte da sua rede, saber das suas preferências, fazer uma ligação quando tiver uma informação interessante, surpreender com a lembrança das datas importantes, dentre outras coisas possíveis desde que realizadas sem interesse unilateral. Manter sua networking viva é você saber o que está acontecendo com os seus pares e eles saberem o que acontece com você e isso requer dedicação, deixar uma parte do tempo disponível para isso. Porque networking é lembrar e ser lembrado.
RH - Quais as ferramentas que podem ser usadas para aumentar a rede de relacionamentos?
Carla Coelho - Existem várias, e é isso que torna a networking ampla. Hoje temos tipos de softwares específicos que auxiliam na manutenção dos dados de seus contatos; o uso do cartão pessoal que é importantíssimo; criar oportunidades de contato, como estar em palestras, cursos, programas culturais e sociais, entre outros. Entretanto, uma das ferramentas que mais tem gerado excelentes resultados é a participação nos sites de relacionamentos, que abrangem não só a área social, mas também a profissional, além de facilitarem a troca de conhecimentos e de ampliarem os contatos. Com a prática de adicionar pessoas à sua rede, você tem a possibilidade de ficar visível com o preenchimento do seu perfil.
RH - A networking deve contar com uma conduta ética?
Carla Coelho - Sempre. A ética é primordial em tudo, assim como também na networking. Networking não é conhecer pessoas para usufruir do que elas podem oferecer e ponto final. Deve ser baseada na lei do ganha-ganha. Precisamos sempre nos lembrar de que uma moeda tem dois lados. É importante que resgatemos a conduta ética, o respeito pelo o outro. Esses valores precisam ser claros, são eles que vão nos tornar visíveis, que farão com que os contatos que adquirimos ao longo de nossa trajetória permaneçam. Nossas ações devem ser o reflexo de nossas palavras e vice-versa. Não dá para falarmos de relação com o outro sem ética, sem transparência. Uma boa rede deve ser sempre pautada nos atos de valorizar e respeitar as pessoas, no desejo sincero de ajudar.
RH - Quais as principais dificuldades que as pessoas enfrentam diante da networking?
Carla Coelho - A primeira delas é a falta de objetivos e de metas definidas. É necessário conhecermos o nosso potencial e administrá-lo, é isso que vai resultar em sabermos qual caminho seguir. Depois temos o fator tempo, usado constantemente como desculpa, pela falta de ajustes que precisamos fazer em nossas vidas. Além disso, temos a timidez e o orgulho, que nos impedem de conhecermos novas pessoas e de buscarmos auxílio das que já nos relacionamos, o que provoca, na maioria das vezes, que deixemos as oportunidades escaparem.
RH - Que tipo de investimento deve ser feito para se obter uma boa rede de relacionamentos?
Carla Coelho - Dois dos mais importantes envolvem tempo e marketing pessoal. Ajuste sua agenda e invista um tempo para manter os contatos. Uma boa rede de relacionamentos é feita de reciprocidade, mas se lembre: não invista seu tempo esperando que as pessoas façam o mesmo, haja de forma natural e em algum momento o retorno acontecerá. Quanto ao marketing pessoal, sabemos que o produto mais valioso que temos é o produto "EU", é nele que você deve apostar. Atualize-se, ande sempre com seu cartão pessoal, faça-se presente.
RH - Que retorno a networking traz aos profissionais?
Carla Coelho - Vários, além de você poder contar com o enriquecimento pessoal, baseado nas trocas, poderá fazer negócios, encontrar parceiros, conseguir divulgação, além de novas oportunidades. Já existem estudos que comprovam que uma boa parte das melhores vagas no mercado profissional é preenchida através da networking. Mas volto a dizer, não faça nada esperando o retorno, e muito menos que seja imediato. Para ter uma boa rede de contatos você precisa girar a "roda do relacionamento", contribua para que seus contatos tenham bons contatos, porque certamente serão seus no futuro, e será dessa forma que você conquistará o retorno.
RH - De que forma a Sra. vê o futuro dos profissionais que não investem na networking?
Carla Coelho - Estes irão se tornar, no mínimo, menos competitivos e terão menos chances de recolocação no futuro. Como sabemos, hoje, no mundo globalizado e socializado em que vivemos, as próprias corporações já se interessam mais por profissionais que trabalhem e administrem bem suas redes de relacionamentos. Os mais preocupados com a sua networking tendem a serem também mais preocupados com ações sociais, que fazem grande diferença na atualidade. Então, se você ainda não constituiu a sua, nunca é tarde para fazê-lo, mas comece já. Se permita conhecer pessoas e junto com elas crescer.